terça-feira, 23 de novembro de 2010

Campos dos Goytacazes


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Campos dos Goytacazes é um lugar lindo e cheio de contrastes. O caminho que nos leva ao referido município, é revelador. Encontramos ao longo deste, grandes áreas de pasto (pecuária extensiva), aquela que tanto ouvi falar durante o tempo que permaneci cerceada pelos muros da escola, essa visão de boi no pasto que apenas conhecia nos livros. Vi também a erosão que está acontecendo tão bruscamente e logo me veio a explicação do porque disso ocorrer embasada novamente nos livros e nas aulas que tive sobre o assunto. Área desmatada e chuva forte acarretam paisagens como a observada por mim. Modificando a paisagem das montanhas mas uma daquelas coisas do lado destruidor da ação do homem, por lá está modificando belas paisagens e vilarejos.
Observei com curiosidade cada trecho que passávamos, cada montanha que ultrapassávamos apenas para guardar viva em minha memória cada pedacinho desse lugar que estava agora conhecendo e, por que não, reconhecendo. Campos tem grande familiaridade com o Rio, antes de chegar ao centro de Campos nos deparamos com uns arranhas-céus dignos da Barra da Tijuca. Logo indaguei que estavamos chegando! o que me chamou a atenção que pouco antes tínhamos passado por casas simples ainda sem emboçar, desniveladas da altura da estrada, que passa beirando a porta das casas. Nesse lugar a estrada já é a calçada e para os cachorros o acostamento, é a calçada que não existe. Sem dúvida, essa cena me apresentou o que eu viria na cidade. Uma palavra defini bem o que eu pensei na hora: CONTRASTES.
São essas lembranças que quero contar ou descrever. A viagem é longa! Como ponto de partida, por vezes, pode ser um lugar da zona sul do município do Rio de Janeiro ou a rodoviária Novo Rio, localizada perto da zona portuária. Independente do local demoramos cerca de 4:30h para chegar ao centro de Campos dos Goytacazes.
Conhecer Campos de ônibus e também de carro me deu o empoderamento que queria sobre a cidade. Fui tachada de doida mas depois da minha argumentação a dupla que ficaria comigo, aceitou. Eu precisava conhecer como as pessoas se relacionam uma com as outras e nada melhor que um ônibus para observar isso. Queria perceber a solicitude de Campos. Queria me apropriar desse município de forma plena. E assim fiz! Estava com uma perspectiva diferente sobre o meu trabalho naquele lugar. Para mim, tornou-se fundamental entender o público que eu estou trabalhando. Suas particularidades enquanto cidade desigual e diversificada. A forma como se relacionam entre si e com o outro.
Posto isso, pontuo que andar de ônibus é uma aventura permanente. Parece que a cidade parou no tempo, seus ônibus são os mais precários já vistos por mim. Sabe aqueles ônibus que estão no museu do transporte rodoviário? Olha que estou com uma bagagem boa sobre o assunto! Lá é o que chamamos de carroça, amortecedor penso que é equipamento de luxo nos ônibus. O tempo de viagem para os bairros  é muito elevado! E os mesmos por sua vez, passam sempre cheios. O valor da passagem também é diferenciado. Assim pagamos desde R$ 0,50 até R$ 6,65 isso para os locais que conseguimos ir de ônibus. Para lugares como, por exemplo, Morro do Coco – localizado a 20 minutos do Espirito Santo - somente conseguimos chegar de taxi. O valor do taxi de lá não é tão alto se tomarmos como parâmetro os valores cobrado no Rio de Janeiro.
O sistema de transporte coletivo é tão precário que no centro de Campos tem pontos para lotadas! Mas não pense que seja lotadas realizadas apenas, por vans. A lotada também é realizada por carros de passeio!pasmem! Fica uma fila só dizendo os locais que os carros estão indo, uma verdadeira feira livre de nome de bairros. Eles nem ficam parados por muito tempo, rapidamente, carro lotado e imediatamente, rumo aos bairros da periferia.
A industria da insegurança foi outro fator que me chamou a atenção! Todas as lojas ou casas do centro de Campos possuem um adesivo de segurança PRIVADA 24h. Para gente de vem de outro município passa a impressão que não podemos andar na rua tranqüilamente. Péssima sensação! Mas não vi nenhum caso que pudesse afirmar tanta insegurança.
Observei a população do centro de Campos. Percebi que a população que chega ao centro é uma população economicamente ativa e com algumas características mais urbanas. Outro ponto que me chamou a atenção foi a existência de poucos negros circulando por esse centro.
Na primeira vez que fui para Campos tudo me surpreendeu de tamanha forma que voltei muito esquisita, confesso. Até porque estava em um momento particularmente transitório. Deixei metade de um dia para conhecer essa cidade que está tomando, ultimamente, conta de grande parte da minha rotina. Sendo responsável pela minha grande freqüência de arrumação de malas. Decidido isso, fui caminhar pelo centro de Campos. Várias igrejas para visitar, um santuário lindíssimo! Entrar e conversar com Deus foi confortante e decisivo para mim, naquele momento, o que conversei com Ele foi sobre coisas que estava passando mas fundamental e importante foi agradecer por ter tido a oportunidade de estar naquele lugar, naquele momento. Podendo apreciar cada espaço desse município tão grandioso. Inacreditável foi vivenciar isso! Meus sentimentos, mais uma vez, estavam confusos. Me encontrei em Campos dos Goytacazes. Conflitante para mim, dizer isso mas foi o que senti quando retornei de lá na primeira vez.
O ambiente, as pessoas que me proporcionaram bons momentos . Os lugares que visitei. Todos me mostraram e me perguntei, porquê não? Lá pode ser o meu lugar!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A noção da amizade na era do Facebook | BRASIL de FATO

A noção da amizade na era do Facebook | BRASIL de FATO


O processo de amizade se automatiza, passando a depender de uma breve janela de aceitação


22/11/2010

Enrique Fibla Gutiérrez
www.fronterad.com

Há uns dias estreou na Espanha A Rede Social, o filme de David Fincher sobre o nascimento do Facebook, plataforma web que define perfeitamente a sociedade da informação do século XXI. Mais além da indubitável qualidade do filme, a sequência reaviva o interesse não somente sobre o tema da vida privada, mas também o significado do conceito de amizade na era da internet.
Em uma das principais cenas do filme, o fundador do Facebook Mark Zuckerberg se dispõe a celebrar o número de um milhão de usuários da plataforma enquanto enfrenta uma demanda judicial interpolada por seu único amigo até agora. O advogado deste amigo o alfineta com ironia: “seu melhor amigo está pedindo 600 milhões de dólares”. Pouco depois, voltamos à sede do Facebook, onde o jovem começa a assistir a uma festa e comemorará o êxito de conseguir ficar totalmente sozinho no escritório. Como pode o fundador de uma das ferramentas sociais mais importantes dos nossos tempos ser uma pessoa evidentemente anti-social? Na minha opinião, diz muito sobre o que é considerada atualmente a amizade, um conceito que tem sido distorcido a ponto de depender exclusivamente de um clique do mouse.
A palavra amigo provém do latim amicus, que deriva, por sua vez, da palavra amore, amor. Trata-se, portanto, de uma relação entre duas pessoas cuja chave reside no mútuo entendimento e respeito. Mas, sobretudo, embasa-se na existência de uma intimidade com o outro que nos permite compartilhar o que nos alegra e nos atormenta de maneira totalmente próxima. Abrimo-nos à amizade porque necessitamos compartilhar o que passa pela nossa cabeça, estabelecendo um vínculo de confiança sem o qual estaríamos perdidos. Um amigo não é o mesmo que um conhecido, alguém a quem também respeitamos mas não confiamos o suficiente para nos abrirmos e de quem somente conhecemos superficialmente, mas nunca em profundidade.
A confusão vem com a aparição das redes sociais na Internet, um tipo de simulacro de nossas relações pessoais onde um cria um alter ego virtual a partir de pequenos retalhos de informação pessoal, fotografias e comentários sobre o que fazemos, deixamos de fazer e do que gostamos. A natureza expansiva da rede faz com que a única maneira de participar do jogo virtual seja aumentando constantemente nosso número de amigos. Solicitando a aceitação de pessoas das quais não conhecemos nada. Se faz possível o impensável, já que podemos chegar a entrar em contato com gente que simplesmente não teríamos conhecido de outra maneira. Essa ampliação até o infinito de nosso mapa social é certamente positivo, já que provoca encontros, choques e conexões que, de uma maneira ou outra, geram novos conhecimentos e ideias. Ao mesmo tempo, entretanto, impulsiona uma cultura de superficialidade que preocupa pelo desapego com a realidade provocado pela ferramenta.
As novas relações que estabelecemos graças à ausência de barreiras físicas na Internet se baseiam na máxima do “disparo”, em vez da seleção. Nesse ponto, gostaria de recordar uma citação do escritor Augusto Monterroso que diz: “Desde que começou a falar, o homem não encontrou nada mais gratificante que uma amizade capaz de escutá-lo com interesse, seja para a dor como para a felicidade”. O importante dessa frase é que ressalta a transcendência do interesse e, por extensão, da profundidade de um vínculo para considerá-lo como tal. Nossas amizades virtuais correspondem a esse pensamento? Duvido muito. Sobretudo porque tudo que podemos conhecer do outro e vice-versa não é nada mais do que uma construção, uma máscara por trás da qual não há um rosto, mas simplesmente nada. Não se exige o exercício da sinceridade que implica toda amizade verdadeira, um processo no qual não resta outra coisa se não mostrarmos como somos. Tampouco recai sobre nós responsabilidade alguma e assim, isentos de deveres, nos encanta nos sentirmos participantes fortes do simulacro social que propõe o Facebook.
O processo de amizade se automatiza, passando a depender de uma breve janela de aceitação como início da relação e com constantes opções de valorizar aquilo que se valoriza por meio de botões pré-configurados do estilo “gosto”, não gosto” etc. Essa racionalização/automatização da amizade é o procedimento que segue Mark Zuckerberg no filme. Mostra-se infinitamente mais fácil entender as relações pessoais como uma série de algoritmos de zeros e uns que dão forma a esta ou aquela opinião da web. Essa redução não implica uma necessidade de simpatizar com o outro, mas sim uma dissecação lógica que permita determinar gostos, medos e afinidades sem ter que perguntar, somente consultar  o que o computador já fez por nós. A tecnologia se converte em um meio que nega a interpessoalidade mas permite uma comunicação eficazmente imediata.
Agora, que tipo de comunicação se consegue estabelecer? Neste ponto, remeto ao excelente ensaio de Gilles Lipovetsky “A era do vazio”, onde define um ato de narcisismo como “a expressão gratuita, a primazia do ato de comunicação sobre a natureza do comunicado, a indiferença pelos conteúdos, a reabsorção lúdica do sentido, a comunicação sem objetivo nem público, o emissor convertido em principal receptor”. Desta maneira podemos definir a amizade segundo as redes sociais como um paradoxo ato de narcisismo, realizado a partir da  solidão de um computador e onde o que interessa não é conhecer o outro,, mas sim construir minuciosamente uma identidade em perpétua mutação, diante da qual conhecemos a comunidade virtual.
De certa maneira esta é a conclusão final de David Fincher em “A rede social”, a sensação de que depois de duas horas de filme somos incapazes de fazer uma ideia clara de quem é Mark Zuckerberg. Mas não por falta de habilidade do diretor, mas como uma exemplificação máxima da incapacidade de construir uma identidade clara de alguém que se escondeu toda a sua vida atrás da Internet. Façamos o teste agora de tentar imaginar quem são todas essas pessoas que temos como amigos em nossas contas. Provavelmente só reconheceremos uns poucos, que casualmente serão nossos amigos mais próximos. Não pretendo demonizar uma ferramenta tão útil como o Facebook, que eu mesmo uso assiduamente, mas sim alertar sobre essa redução do conceito de amizade, que nos leva a utilizar a dita palavra com rapidez para denominar relações cibernéticas que merecem outro termo. Quiçá seja simplesmente uma questão de terminologia, mas sem o simplesmente.

domingo, 14 de novembro de 2010

Sensações

Mais um dia 10 que passo com uma sensação esquisita. Digo mais um porque me peguei lendo algo que escrevi no dia 10 do mês de outubro. É uma tristeza que toma conta de mim e, sinceramente, não sei por que dessa sensação. Somente posso afirmar que sinto. A vontade de chorar torna-se incontrolável.
Essa tristeza aparece em poucos momentos mas quando aparece é nele que penso. Não sei por quê mas é ele que volta nas minhas lembranças. Parece que é como uma forma de mantermos a nossa comunicação. Loucura? Talvez! Não sei o que concluir a respeito desse relato. Ainda não compreendo. Ele nunca soube disso, nunca falei. Somente uma vez eu liguei para ele para saber se estava bem, na ocasião, ainda estávamos juntos.
O aperto no coração e a sensação de tristeza é sempre incontrolável. Acordei dessa forma. Triste e sem motivos aparentes para tal sentimento...uma tristeza e muita vontade de chorar. É uma forma totalmente subjetiva mas pessoas importantes sentem isso. Recebo sempre a ligação delas mesmo que não queira compartilhar com ninguém esse momento. Alguém as avisa e embora eu tente transparecer que estou bem, minha voz diz o contrário.
Tentei me distrair ao longo do dia, estava sem ânimo para estudar ou trabalhar. Apenas precisava desse momento de isolamento não seria uma boa companhia e meu sorriso não apareceria com tanta facilidade. Precisava me recolher e não explicar porque não estava sorrindo. Não teria paciência para explicar sobre nada. Decidi ir no shopping. Ver a multidão e poder ver ninguém ao mesmo tempo. Almoçar, andar vendo vitrines sem comprar nada e terminando assistindo um filme que já tinha visto apenas para que o dia passasse e com ele essa sensação de tristeza. Não queria falar com ninguém, nem ver ninguém conhecido. Precisava ao mesmo tempo que não permanecer sozinha era necessário, para mim, estar sozinha até que esse sentimento passasse. E passou, para o meu alívio, no final do dia.
Na hora que eu escrevia essas palavras, estava melhor...pensei em vários momentos do dia 10, em ligar para ele, apenas para perguntar se estava bem ou algo do gênero apenas para confortar o meu coração. Mas não o fiz, simplesmente, por acreditar que ele não entenderia essa sensação e interpretaria como uma reaproximação que estaria tentando fazer ou um motivo que estava criando apenas para falar com ele. Infelizmente, não liguei! Mas vê-lo no mundo virtual me tranqüilizou e entendi que estava bem, mesmo que seja apenas fisicamente...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Como se escreve?

Quando Joey tinha somente cinco anos, a professora do jardim de infância pediu aos alunos que fizessem um desenho de alguma coisa que eles amavam. Joey desenhou a sua família. Depois, traçou um grande círculo com lápis vermelho ao redor das figuras. Desejando escrever uma palavra acima do círculo, ele saiu de sua mesinha e foi até à mesa da professora e disse: Professora, como a gente escreve...? Ela não o deixou concluir a pergunta. Mandou-o voltar para o seu lugar e não se atrever mais a interromper a aula. Joey dobrou o papel e o guardou no bolso. Quando retornou para sua casa, naquele dia, ele se lembrou do desenho e o tirou do bolso. Alisou-o bem sobre a mesa da cozinha, foi até sua mochila, pegou um lápis e olhou para o grande círculo vermelho. Sua mãe estava preparando o jantar, indo e vindo do fogão para a pia, para a mesa. Ele queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para ela e disse.
-Mamãe, como a gente escreve...?
- Menino, não dá para ver que estou ocupada agora? Vá brincar lá fora. E não bata a porta, foi a resposta dela. Ele dobrou o desenho e o guardou no bolso. Naquela noite, ele tirou outra vez o desenho do bolso. Olhou para o grande círculo vermelho, foi até à cozinha e pegou o lápis. Ele queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para seu pai. Alisou bem as dobras e colocou o desenho no chão da sala, perto da poltrona reclinável do seu pai e disse .
- Papai, como a gente escreve...?
- Joey, estou lendo o jornal e não quero ser interrompido. Vá brincar lá fora. E não bata a porta. O garoto dobrou o desenho e o guardou no bolso. No dia seguinte, quando sua mãe separava a roupa para lavar, encontrou no bolso da calça do filho enrolados num papel, uma pedrinha, um pedaço de barbante e duas bolinhas de gude. Todos os tesouros que ele catara enquanto brincava fora de casa. Ela nem abriu o papel. Atirou tudo no lixo.
Os anos passaram...
Quando Joey tinha 28 anos, sua filha de cinco anos, Annie fez um desenho. Era o desenho de sua família. O pai riu quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e ela disse: Este aqui é você, papai! A garota também riu. O pai olhou pra o grande círculo vermelho feito por sua filha, ao redor das figuras e lentamente começou a passar o dedo sobre o círculo.
Annie desceu rapidamente do colo do pai e avisou: eu volto logo! E voltou. Com um lápis na mão. Acomodou-se outra vez nos joelhos do pai, posicionou a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou:
Papai, como a gente escreve amor? Ele abraçou a filha, tomou a sua mãozinha e a foi conduzindo, devagar, ajudando-a a formar as letras, enquanto dizia: amor, querida, amor se escreve com as letras T...E...M...P...O (TEMPO). Conjugue o verbo amar todo o tempo. Use o seu tempo para amar. Crie um tempo extra para amar, não esquecendo que para os filhos, em especial, o que importa é ter quem ouça e opine, quem participe e vibre, quem conheça e incentive. Não espere seu filho ter que descobrir sozinho como se soletra amor, família, afeição.
Por fim, lembre: se você não tiver tempo para amar, crie. Afinal, o ser humano é um poço de criatividade e o tempo...Bom, o tempo é uma questão de escolha.

Autor Desconhecido