terça-feira, 27 de setembro de 2011

Para você!

Pensei como seria por um tempo esquecer alguém.
Esquecer.
Apagar da memória e arrancar do meu peito esse sentimento que insisti em aflorar. Percebi que posso, por medida de segurança, pensar que existi essa possibilidade. Mas quando me recolho, quando fico apenas com os meus pensamentos, percebo que essa certeza se desfaz e essa torna-se uma quase certeza impregnada e envolvida por lembranças que foram nossas. Apenas por entender que fizemos parte um do outro em algum momento, que percebi que não temos que nos esquecer.
Esquecer requer desconsiderar importante àquilo que foi vivido. Esse remete a um sofrimento, a uma ou várias mágoas e principalmente aos desencontros sofridos. Porém hoje percebo que não é isso que tivemos. Nossa relação foi pautada por conflitos estimulados pela nossa incongruência e não por culpa de alguém abstrato. Temos que ser adultos e reconhecer que nossos desencontros foram forjados por nós mesmos. Tantos os que nos proporcionaram momentos felizes como também os que nos conduziram para os piores sentimentos um pelo outro.
Hoje poderia ter a certeza que o encontro entre duas pessoas está fadado a um crescimento mútuo. Um perecerá apegado a um vir a ser, enquanto o outro ficará perceptível aos reflexos que essa convivência proporcionou para sempre na sua vida. Reconhecer essa distância e por que não, a perda é diagnosticar que estamos fadados as incompreensões e falsas verdades.
Conheceremos sempre novas pessoas que nos conduzirão a um novo e único crescimento. Somos fontes inesgotáveis de saber e adaptação. Talvez a condução das palavras nos envolva e nos proporcione um entendimento e clareza que até então não tivemos. Pensamo-nos com a razão e com o coração buscaremos sempre o tão almejado equilíbrio. Mas onde esse realmente está? E para que ele serve? Estamos fadados as nossas próprias incompreensões e conflitos.
Perceber nossas limitações já desmoraliza qualquer argumento anteriormente posto como racional.  A suposta neutralidade também cai por terra quando falamos dos nossos sentimentos. Por segurança, talvez, codifiquem todas as reações, as expressões, as palavras, as meias verdades apenas com o intuito de nos conduzir a uma suposta segurança.
Mas a relação entre as pessoas pressupõe a ausência de certezas. A exatidão não condiz com a relação humana. Exato pressupõe fatos meticulosamente medidos e mensurados por isso tenderá a conduzir para algumas dúvidas... Como medir o sentimento? Como ponderar níveis de verdades sobre o outro a partir do olhar de outra pessoa?
Enfim a única certeza que podemos ter é o fato de nos considerarmos livres e amantes incondicionais dentro de uma dada realidade ou situação.  
Ao meu eterno condicionante e estimulante literário: o AMOR

Em um momento, a vida junta um monte de gente legal. Mas para que cada um continue a sua existência, eles se separam. 

Abraços,
Ju Nascimento.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

POEMA SOBRE O ESCUTAR - Autor Desconhecido


Quando lhe peço que me ouça
e você começa a dar conselhos,
você não faz o que eu pedi.
Quando lhe peço que me ouça
e você começa a me dizer
porque eu não deveria me sentir desse jeito,
você está passando por cima de meus sentimentos.
Quando lhe peço que me ouça
e você sente que deve fazer alguma coisa
para resolver meus problemas,
você está falhando comigo.
Talvez seja por isso que a prece
funciona para algumas pessoas.

Deus é tímido, Ele não oferece conselhos
nem tenta consertar as coisas.
Ele só escuta
e confia em você
para resolvê-las por si próprio
Então... por favor, só me ouça!
e se você quiser falar,
espere alguns minutos até a sua vez
e eu prometo escutá-lo.
 
Reli esse texto nessa noite. Um belo poema copiado de um livro especial que não saia da biblioteca. Um dos meus achados quando pesquisava sobre o aleitamento materno. A escuta era trabalhada nos textos interessante como apenas agora estou me atentando para a importância do que ele fala. Na ocasião achei bonito, mas, nesse momento, esse poema reflete exatamente a sobre a minha busca...
Abraços

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Um bicho que se inventa - Ferreira Gullar

Uma daquelas crônicas que falam por si...e por mim!


Um bicho que se inventa - Ferreira Gullar
(Folha de São Paulo, 01/01/2006, Caderno Mais!)

Toda pessoa necessita que as demais pessoas a reconheçam tal como ela acredita que é, tal como se inventa para si mesma. Isto significa que, porque somos uma invenção de nós mesmos, o reconhecimento do outro é indispensável a que esta invenção se torne verdadeira. Por isso, se é certo, como disse Jean-Paul Sartre, que "o inferno são os outros", é certo também que está neles o sentido de nossa existência. Um recém-nascido não é ainda um cidadão, quase diria que, a rigor, ainda não é gente: trata-se de um bichinho que traz consigo, potencialmente, todas as qualidades que o tornarão de fato uma pessoa. Sim, porque uma pessoa, mais que um ser natural, é um ser cultural. Certamente, não pretendo dizer que a pessoa não seja o seu corpo material, esse organismo que pulsa, respira e pensa; tanto é que, sem ele, simplesmente ela não existiria, e é nele que repousam todas as qualidades que permitirão o surgimento da pessoa humana que cada recém-nascido se tornará. 
 Mas não há nenhum fatalismo nisso. Se é verdade que o recém-nascido já possui qualidades e traços próprios que o tornam diferente de todos os outros, não significa que se tornará inevitavelmente o indivíduo X. Não, o que ele se tornará -e é imprevisível- dependerá em boa parte de como assimilará os valores que a educação lhe ofereça. No princípio, o que ele aprende são as normas básicas de sobrevivência e convívio. Só mais tarde conhecerá os valores que absorverá de acordo com suas idiossincrasias, face aos quais reagirá de maneira própria e, assim, irá, passo a passo, se formando e se inventando como ser humano.
A sociedade humana foi inventada por nossos antepassados. Quem nasce hoje já a encontra inventada, material e espiritualmente, com seus equipamentos, valores e princípios que a constituem e definem. É dentro desta realidade cultural, complexa e contraditória, que ele vai se inventar como indivíduo único e inconfundível. Porque cada um de nós quer ser assim: único e inconfundível. Viver é, portanto, inventar-se: inventar sua vida, sua função no mundo, sua presença.
Obviamente, nem todos têm a mesma capacidade de inventar-se e reinventar o mundo. Alguns levam essa capacidade a ponto de mudar de maneira radical o universo cultural que encontraram ao nele integrar-se, como o fizeram por exemplo Isaac Newton ou Albert Einstein, Sócrates ou Karl Marx, William Shakespeare ou Wolfgang Goethe, Leonardo da Vinci ou Pablo Picasso...
Mas a humanidade não é constituída apenas de gênios, que, na verdade, são exceções. Não obstante, todas as pessoas, em maior ou menor grau, se inventam e contribuem para que o mundo humano se mantenha e se renove. Aliás, se os gênios contribuem para a reinvenção do universo cultural -que é o nosso espaço de vida-, a vasta maioria das pessoas é responsável pela preservação do que já foi inventado. Por isso mesmo, a maioria é conservadora e freqüentemente resiste às mudanças e inovações. É que essa maioria não tem noção de que vive num mundo inventado, de que a vida é inventada e de que os valores, que lhe parecem permanentes, também o são. Eles não foram ditados por nenhum ente divino, mas inventados pelos homens conformes suas necessidades e possibilidades. E também, conforme elas, podem ser mudados.
O homem é o único animal que se inventa e inventa o mundo em que vive. A colméia, que a abelha fabrica hoje, tem os casulos da mesma forma hexagonal que tinha desde que surgiram no planeta as primeiras abelhas. Já o habitat humano vem mudando desde sempre, da caverna natural ao casebre, que se transformou em aldeia, povoado, cidade até chegar à megalópole de hoje. O homem, para o bem ou para o mal, mudou a face do planeta, utilizou os recursos naturais para produzir seu mundo tecnológico e dinâmico. Mudou a natureza, alterou o seu funcionamento biológico, meteorológico, sísmico. Seu habitat é primordialmente a cidade, esta complexíssima máquina que só funciona graças à tecnologia que inventamos e desenvolvemos incessantemente.
Quando digo que o homem se inventa, não sugiro que se trata de mera fantasia sem base na realidade . Newton inventou o cálculo infinitesimal, linguagem das ciências exatas, que não existia. A ciência inventou as leis da física, que sempre atuaram na natureza, mas que eram como se não existissem no entendimento humano. As invenções da arte são de outro tipo: Shakespeare inventou a complexidade da alma humana que, se não fosse ele, estaria como se não existisse. Ou seja, a partir da natureza ou de sua imaginação, o homem se inventa e constrói um universo cultural que é seu verdadeiro espaço de existência.
O homem criou também, além do mundo material, além da ciência e da técnica, o mundo simbólico da filosofia, da música, da poesia, do teatro, do cinema. Inventou os valores éticos e estéticos. Inventou a Justiça, embora sendo injusto. E por que, então, a inventou? Porque quer ser melhor do que é, quer -como disse o poeta Höderlin- "ultrapassar o campo do possível". Inventou até Deus, que é a resposta à fatalidade da morte e às perguntas sem resposta. O homem inventou Deus para que este o criasse. Filho dileto de Deus, pode assim aspirar à ressurreição.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cogito - Torquato Neto

Mexendo em um livro encontrei a seguinte poesia, retirado do livro Os Cem melhores poemas brasileiros do século...forte e linda!

Cogito - Torquato Neto

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora
eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim.



domingo, 14 de agosto de 2011

Pensamentos Soltos: Retrocedendo no debate sobre gênero

Pensamentos Soltos: Retrocedendo no debate sobre gênero: "Quando li essa reportagem (vide reportagem abaixo) me perguntei algumas coisas: Pesquisa científica virou bagunça? Por que somente as m..."

Por que Deus seria reprovado pelo CNPq e CAPES?

Com o currículo que tem Deus certamente seria reprovado pelo CNPq e CAPES, pelas seguintes razões:

1. Só tem uma publicação;
2. Esta publicação não foi escrita em inglês, e sim em hebraico (mesmo que tenha sido traduzida para vários idiomas);
3. A referida publicação não contém referências bibliográficas;
4. Não tem publicações em revistas indexadas, ou comissão editorial, ou ainda com parcerias;
5. Há quem duvide que sua publicação tenha sido escrita por ele mesmo.
Em um exame rápido, nota-se a mão de, pelo menos, 11 colaboradores;
6. Talvez tenha criado o mundo. Mas o que tem feito, ou publicado, desde então?
7. Dedicou pouco tempo ao trabalho (apenas 6 dias seguidos);
8. Poucos colaboradores Seus são conhecidos;
9. A comunidade científica tem muita dificuldade em reproduzir seus resultados;
10. Seu principal colaborador caiu em desgraça ao desejar iniciar uma linha de pesquisa própria;
11. Nunca pediu autorização aos Comitês de Ética para trabalhar com seres humanos;
12. Quando os seus resultados não foram satisfatórios, afogou a população;
13. Se alguém não se comporta como havia predito, elimina-o da amostra;
14. Dá poucas aulas e o aluno, para ser aprovado, tem que ler apenas seu livro, caracterizando endogenia de idéias;
15. Segundo parece Seu Filho é que ministra Suas aulas;
16. Atua com nepotismo, fazendo com que tratem Seu Filho como se fora Ele mesmo;
17. Ainda que Seu programa básico de curso tenha apenas dez pontos, a maior parte dos Seus alunos é reprovada;
18. Alem de suas horas de orientação serem pouco frequentes, apenas atende seus alunos no cume de uma montanha;
19. Expulsou os Seus dois primeiros orientados por aprenderem muito;
20. Não teve aulas e nem fez mestrado com PhDeuses;
21. Não defendeu teses de doutorado ou Livre Docência;
22. Não se submeteu a uma banca de doutores titulares;
23. Não fez proficiência em inglês;
24. Não existe comprovação de participação sua em bancas examinadoras e de publicação de artigos no exterior...

Recebi por e-mail essa mensagem!!! muito interessante...

JN.

sábado, 16 de julho de 2011

O acaso é estranho e desafiador?


Hoje acredito que sim!. Por mais que tentamos ter a certeza que tudo está sendo construído por nós mesmos, as situações surgem para comprovar que algo ou alguém também pode conspirar para que determinadas situações persistam em acontecer. Parece uma crônica mística e talvez eu esteja desejando que assim seja. Nesse momento deixarei que o meu comportamento cético não se manifeste nesse texto e sim o fluir do vento, dos astros, das colinas, do ambiente, da lua e de tudo mais que seja energia desse mundo mundano!
            No primeiro momento estamos lá diante da situação e nos questionamos o porque de determinada situação estar novamente acontecendo. Aquilo que já deveria estar adormecido ou por segurança esquecido, ressurgi como uma erupção. E realmente não deixa de ser! Colocamos para fora tudo aquilo que estava no interior com uma força surpreendentemente maior daquela que já existia. E quando nos damos conta esse eclode para dizer que ainda está bem forte e ainda mais perceptível. Talvez seja uma forma de chamar a atenção para uma realidade que não gostamos de percebê-la.
            Gostaria de ter as respostas que afligem o meu ser, mas não as tenho. Talvez por ser humana demais. No momento oportuno, quando eu as encontrá-las, farão sentido. Hoje ganho mais refletindo sobre cada acontecimento como um eterno aprendizado e amadurecimento pessoal e único.
            Garantir que estejamos nos comunicando por essas formas ditas não convencionais, demonstra o quanto ainda temos que aprender. Acredito que somente quando já aprendermos e apreendermos tudo que era necessário é que nos tornaremos LIVRES. assim estaremos prontos para buscar novas certezas porém, enquanto elas não são finalizadas ficamos nós aqui, assim, nessas dúvidas que emperram nossas vidas. São tantas incógnitas que essas me deixa transparecer total irritação. Talvez seja esse o aprendizado e como ainda não sei lidar com tanta ausência, incompreensão e oscilações esses mesmos sentimentos aparecem materializados em uma única pessoa. Nossas dificuldades serão postas a prova em cada momento vivido já que os consideramos os grandes entraves para a nossa “boa” convivência. Talvez consideremos mais fácil equilibrar na corda mesmo com receio ao contrário de nos arriscarmos ao incerto e a dúvida se existirá acolhida na rede de segurança e é exatamente essa expectativa que envolve todo esse espetáculo.
Nossas vidas são entrelaçadas demais e por mais que a negue o direito dela...ela nos contempla com o melhor de nós. Não serei respeitada por mim mesma por falhas ou atos que cometi. Se os cometi, não me envergonho. Foram frutos de um processo de aprendizado por vezes dolorido, mas um aprendizado. Vestimo-nos adequadamente e de acordo com o personagem que queremos representar. Às vezes representamos tão bem que o mesmo fica invisível até para o ator em potencial. E de tão bem interpretado, dificilmente percebemos as nuances que demonstrariam que era falsa aquela construção de pessoa que nos estava sendo apresentada.
Por vezes, a mesma de tão bem interpretada não nos permite notar seus lapsos de características reais. Fatalmente já estamos impregnados por outros sentimentos que, nos dificultam ainda mais um rompimento brusco.
Esse reencontro sempre parte de um novo olhar sobre os mesmos personagens. Essa nova lógica de percepção nos enriquece e nos fortalece enquanto pessoas únicas e enigmáticas.
O encantamento sobre algo dura o tempo necessário para me mover em sua direção e é exatamente isso que acontece!
Renovado está...

Abraços,
JN