quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

MATURIDADE – Emilia Casas

Foi o tempo, meu amigo,
Que me fez assim tão bela...
Deu-me um olhar mais doce
Que o amargo não revela
Lambuzou minhas palavras
Com mel da sabedoria
Nem de mim eu sou escrava
E “ter” não tem mais valia.

Deu-me um sorriso fácil
Que eu distribuo à toa
Se o velho corpo está frágil
A alma criança voa!!!

Escreveu em minha pele
As histórias que eu vivi
Entre glórias e derrotas.
Eis-me aqui – sobrevivi

E livre de toda a ciência
Que o mundo explica e ativa
Deu-me o tempo, por clemência,
O entendimento da vida


A porta do quarto  indica de quem será a poesia que estará impressa na parede do quarto. Idéia maravilhosa que vi em uma pousada em Volta Redonda

2 comentários:

  1. Alforria

    (Emília Casas)

    "Homens de mim foram donos:
    Pai, marido, filho, amante
    Já despertei do mau sono:
    De mim sou dona o bastante

    Hoje caminho sem pressa
    Com sorriso descansado
    O olhar só de preguiça
    Demorado como missa,
    Mas cheinho de pecado
    E assim, cheia de graça,
    Sem ser a Virgem Maria
    Mostro ao homem que passa
    Minha carta de alforria

    Não crê e diz que me quer
    (Aí começa seu drama)
    De forno e fogão mulher
    Mas já sou de mesa e cama

    Caiam todos botões
    Fiquem calças sem bainha
    Guarde todos seus perdões
    Pra outra falsa rainha
    Sou mulher...isso me basta
    Sem rei, sem cetro e nome
    Nunca mais santa e casta
    Com sede de amor e fome

    Só quem escuta a lua
    Meu gozo gemido escuta
    E assim, só pêlo, nua
    Minhas carícias esbanjo
    Me entregando toda puta
    Pra quem me enxerga só anjo!"

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