quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

MATURIDADE – Emilia Casas

Foi o tempo, meu amigo,
Que me fez assim tão bela...
Deu-me um olhar mais doce
Que o amargo não revela
Lambuzou minhas palavras
Com mel da sabedoria
Nem de mim eu sou escrava
E “ter” não tem mais valia.

Deu-me um sorriso fácil
Que eu distribuo à toa
Se o velho corpo está frágil
A alma criança voa!!!

Escreveu em minha pele
As histórias que eu vivi
Entre glórias e derrotas.
Eis-me aqui – sobrevivi

E livre de toda a ciência
Que o mundo explica e ativa
Deu-me o tempo, por clemência,
O entendimento da vida


A porta do quarto  indica de quem será a poesia que estará impressa na parede do quarto. Idéia maravilhosa que vi em uma pousada em Volta Redonda

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

(RETRO)expectativa 2010

"É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas. É tão silencioso. Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois? Dificílimo contar. Olhei pra você fixamente por instantes. Tais momentos são meu segredo."
(C. Lispector)

ESPERANÇA...

Essa foi a palavra que eu defino o ano de 2010 para mim.
Em todos os meses tenho momentos bons para recordar e agradecer por cada dia vivido. Também tenho os momentos tristes que me fortaleceram para seguir sempre em frente e me dizer que tenho que ter esse equilíbrio. Não somente de momentos felizes vivemos. Mas se fosse para eleger um mês esse seria janeiro. Pois foi nele que se desenhou em mim as minhas certezas, consegui superar meus medos, revivi o meu amor pelas pessoas e comecei a entender que a vida é feita de momentos.
O mês começa com o nascimento da coisa mais fofa e parecida comigo, minha sobrinha. Nasce em uma madrugada e dentro do carro, nada mais inusitado para os primeiros dias do ano que se iniciava. Como sempre, estou acompanhando a minha irmã no seu segundo momento mais especial além disso eu estou me especializando em contar tempo de dilatação e ser acompanhante para quase perder a mão de tanto que é apertada pela minha irmã. rsrs Mas o que é a dor perto do momento vivido, quantos tem a oportunidade de ser a primeira pessoa que sua sobrinha vê ao chegar ao mundo. Agradeço a minha irmã por confiar em mim para compartilhar com ela esses momentos. Fico imensamente feliz.
Esse é o mais lindo pôr do sol jan/POA.
Consegui depois de 5 anos de UFRJ (peraí que estou contando tempo de cursos diferentes rsrs) ir em uma das viagens mais louca da minha vida. Revi os meus conceitos, esses estavam tão  internalizados em mim que não percebia que as pessoas são muito  mais, além de uma estampa. Eu pensava que já tinha grande flexibilidade e entendimento sobre o comportamento humano mas percebi que ainda tenho muito a aprender. E que cada um avalie que tipo de vida queira levar. Essa viagem foi muito boa. Vi o pôr do sol mais inesquecível. Fortaleci ainda mais as minhas amizades, as minhas certezas, entendi meu limite para acampar, sorri e entendi que meu amor não diminui devido a distância.
Janeiro, Porto Alegre e Forum Social Mundial três coisas que indico para qualquer pessoa. Você com certeza nunca mais será o mesmo. Mas aconselho ir se quiser interagir com pessoas que pensam diferente de você mas sem que você tente impor o seu ideal de vida para ninguém. Com certeza, terá o seu melhor momento de vida!! esse ficará na minha memória e no meu coração.
Foi apenas uma semana que por mais que passe o tempo teremos muitas histórias para serem ditas, relembradas, muitos risos para serem compartilhados, muitos amigos para serem recordados e encontrados. SUBLIME!
Fevereiro ficaria na dúvida se fosse para enumerar por colocação pois no dia 05/02/2010 foi o dia mais emocionante no que se refere meu tempo profissional. Nesse dia, com certo atraso, colei grau!! Muitos sentimentos misturados em um único dia, chorei de felicidade, de tristeza e novamente de felicidade. Meu dia se dividiu dessa forma. Semana muito intensa para mim, de tão intensa alguns não acompanharam o ritmo e viram que era a hora de tentar recarregar até chegar em alguma porcentagem que fizesse sentido dentro do seu egoísmo. 70% essa foi a mensagem que destruiu tudo que eu acabará de entender e provar que para mim era importante. Mas como para muitos isso não fazia sentido dentro da sua bolha de ciúmes e pouca conversa. Tentei desconsiderar mas alguns me conhecem tão bem que sabem qual será a minha resposta. E tudo se resumiu em uma mensagem com a palavra ADEUS. Desde então o silêncio tomou conta e um espaço muito maior que qualquer sentimento que poderíamos ter um pelo outro. E assim seguimos...
Mas sim esse foi o momento que meus sentimentos mais se confundiram mister de felicidade e tristeza. Ganho e perda, comemoração e silêncio. Tudo tão confuso que não sei como saí ilesa disso tudo, se é que eu saí ilesa mesmo...penso que não!
Nesse mês ainda tive a alegria de sair desde a concentração com o Bola Preta no carnaval. Emoção indescritível como dizem, se você foi uma vez, você voltará...
Mas caminhamos...
Para o meu post não ficar cansativo não vou ficar descrevendo por mês senão vai demorar afinal estamos falando de 12 meses!!!
Depois dessas considerações que precisavam ser situadas no tempo e espaço. Descreverei o que eu aprendi nesse ano de 2010.
A esperança com certeza me acompanhou durante todo o ano. Tive a esperança SEMPRE de dias melhores e esses sempre vieram.
Aprendi que se você consegue em uma semana de 5 dias dormir em 4 lugares diferente é hora de perceber o tempo de fincar suas raízes em casa. Entender o que é um lar e ter motivos para voltar para ele me fez ter a certeza que não é a distância que me faz ter as pessoas e sentir a saudade. Seja aonde eu estiver quem eu amo estará sempre comigo mas voltar e reencontrá-los me fez entender o sentido da vida que tenho buscado.
Entendi que alguns saíram da minha vida da forma mais banal mas contribuímos o necessário para cada um nesse tempo. que permanecemos juntos. Alguns puderam reaparecer durante o ano, mas vi que tais momentos foram também necessários para o meu auto controle e conhecimento.
Aprendi a me estressar menos com pessoas e coisas tão pequenas. Consegui exercitar em mim o tempo da espera como uma boa jogadora, comecei (está certo que tardiamente) perceber o momento de me recolher e atacar. Alguns receberam de forma um pouco impactante essa mudança mas para mim, o jogo da convivência humana está apenas começando...
Aprendi que nem todos que te chamam de amigo, necessariamente o são, mas que se danem também. Talvez nem eu seja tão amiga assim de todo mundo, como vou julgar os outros por essa atitude.
Aprendi que por mais que você tente seguir sua vida de forma discreta, alguém está acompanhando os seus passos, sabe da sua rotina e principalmente tem um anseio por saber com quem você namora ou está enrola. Isso com certeza percebi de tanto boato que tive que desmentir ao longo do ano. Tirar foto abraçado com amigo é socialmente inaceitável. Você somente pode tirar foto se realmente tiver algo com ele fora dessas circunstancias pode te custar quase a compra de um anúncio nos jornais de grande circulação para desmentir qualquer boato que possa está gerando tal comportamento improprio. No final do ano já estava acreditando ser mais fácil falar que tinha algo do que falar que não existia nada!! Algo que me incomodou muito mas que com o tempo já nem me preocupava mais, até porque a minha conduta como ser humana não interessa a ninguém. Apenas me chamou a atenção o fato de tantos se preocuparem com a minha vida pacata. Depois desses fatos eu realmente fiquei muito mais cautelosa com minha vida privada. O que eu já não era muito de me expor ficou ainda pior e assim permanecerá para o próximo ano. Não sou celebridade e me reservo o direito de querer falar sobre o que eu quero, com quem eu quero. Não sou do tipo de pessoa que preciso estampar aos quatro ventos o que estou realizando, penso que mesmo não fazendo isso, já tem muita gente observando mesmo sem eu querer.
Aprendi que meus sentimentos podem ser os melhores e os piores por uma pessoa. Descobri sentimento que nem sabia que existiam em mim mas de tanto me testarem eles foram aflorados. Mas não gostei de sentí-los e estou voltando para o meu estado normal.
Elegi os meus lugares de paz do ano de 2010: a casa dos meus pais e Farol de São Thomé. Foram nesses lugares que todos os meus sentimentos foram emanados.
Talvez tenha esquecido fatos e acontecimentos mas alguns já foram relatados nos posts anteriores e seria redundantes colocá-los aqui. Outros prefiro que fiquem na minha memória.
Aprendi ainda mais a sorrir, a chorar e novamente a erguer a cabeça e re-começar.
Para 2011 eu não estou desejando nada, eu realizarei os meus sonhos!!!FELIZ2011!!!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

FELICIDADE

Veja a vida por outro olhar,
Prometa aquilo que realmente possa cumprir
Dialogue com pessoas que pensem diferente
Construa argumentos,
Não grite,
Não agrida ninguém verbal ou fisicamente
Alguns serão sábios pela sua capacidade de se aventurar
Se permita...
Não julgue que perdeu uma partida apenas perceba em quais momentos você deverá entrar em campo
O campo nem sempre será plano mas você poderá torná-lo um belo e planado terreno.
Cultive os melhores sentimentos
Despreze todas as palavras que possam te caluniar
Ame incondicionalmente
Pense,
Respire,
Observe as atitudes
Analise os fatos
Pondere os argumentos
VIVA!!!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Campos dos Goytacazes


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Campos dos Goytacazes é um lugar lindo e cheio de contrastes. O caminho que nos leva ao referido município, é revelador. Encontramos ao longo deste, grandes áreas de pasto (pecuária extensiva), aquela que tanto ouvi falar durante o tempo que permaneci cerceada pelos muros da escola, essa visão de boi no pasto que apenas conhecia nos livros. Vi também a erosão que está acontecendo tão bruscamente e logo me veio a explicação do porque disso ocorrer embasada novamente nos livros e nas aulas que tive sobre o assunto. Área desmatada e chuva forte acarretam paisagens como a observada por mim. Modificando a paisagem das montanhas mas uma daquelas coisas do lado destruidor da ação do homem, por lá está modificando belas paisagens e vilarejos.
Observei com curiosidade cada trecho que passávamos, cada montanha que ultrapassávamos apenas para guardar viva em minha memória cada pedacinho desse lugar que estava agora conhecendo e, por que não, reconhecendo. Campos tem grande familiaridade com o Rio, antes de chegar ao centro de Campos nos deparamos com uns arranhas-céus dignos da Barra da Tijuca. Logo indaguei que estavamos chegando! o que me chamou a atenção que pouco antes tínhamos passado por casas simples ainda sem emboçar, desniveladas da altura da estrada, que passa beirando a porta das casas. Nesse lugar a estrada já é a calçada e para os cachorros o acostamento, é a calçada que não existe. Sem dúvida, essa cena me apresentou o que eu viria na cidade. Uma palavra defini bem o que eu pensei na hora: CONTRASTES.
São essas lembranças que quero contar ou descrever. A viagem é longa! Como ponto de partida, por vezes, pode ser um lugar da zona sul do município do Rio de Janeiro ou a rodoviária Novo Rio, localizada perto da zona portuária. Independente do local demoramos cerca de 4:30h para chegar ao centro de Campos dos Goytacazes.
Conhecer Campos de ônibus e também de carro me deu o empoderamento que queria sobre a cidade. Fui tachada de doida mas depois da minha argumentação a dupla que ficaria comigo, aceitou. Eu precisava conhecer como as pessoas se relacionam uma com as outras e nada melhor que um ônibus para observar isso. Queria perceber a solicitude de Campos. Queria me apropriar desse município de forma plena. E assim fiz! Estava com uma perspectiva diferente sobre o meu trabalho naquele lugar. Para mim, tornou-se fundamental entender o público que eu estou trabalhando. Suas particularidades enquanto cidade desigual e diversificada. A forma como se relacionam entre si e com o outro.
Posto isso, pontuo que andar de ônibus é uma aventura permanente. Parece que a cidade parou no tempo, seus ônibus são os mais precários já vistos por mim. Sabe aqueles ônibus que estão no museu do transporte rodoviário? Olha que estou com uma bagagem boa sobre o assunto! Lá é o que chamamos de carroça, amortecedor penso que é equipamento de luxo nos ônibus. O tempo de viagem para os bairros  é muito elevado! E os mesmos por sua vez, passam sempre cheios. O valor da passagem também é diferenciado. Assim pagamos desde R$ 0,50 até R$ 6,65 isso para os locais que conseguimos ir de ônibus. Para lugares como, por exemplo, Morro do Coco – localizado a 20 minutos do Espirito Santo - somente conseguimos chegar de taxi. O valor do taxi de lá não é tão alto se tomarmos como parâmetro os valores cobrado no Rio de Janeiro.
O sistema de transporte coletivo é tão precário que no centro de Campos tem pontos para lotadas! Mas não pense que seja lotadas realizadas apenas, por vans. A lotada também é realizada por carros de passeio!pasmem! Fica uma fila só dizendo os locais que os carros estão indo, uma verdadeira feira livre de nome de bairros. Eles nem ficam parados por muito tempo, rapidamente, carro lotado e imediatamente, rumo aos bairros da periferia.
A industria da insegurança foi outro fator que me chamou a atenção! Todas as lojas ou casas do centro de Campos possuem um adesivo de segurança PRIVADA 24h. Para gente de vem de outro município passa a impressão que não podemos andar na rua tranqüilamente. Péssima sensação! Mas não vi nenhum caso que pudesse afirmar tanta insegurança.
Observei a população do centro de Campos. Percebi que a população que chega ao centro é uma população economicamente ativa e com algumas características mais urbanas. Outro ponto que me chamou a atenção foi a existência de poucos negros circulando por esse centro.
Na primeira vez que fui para Campos tudo me surpreendeu de tamanha forma que voltei muito esquisita, confesso. Até porque estava em um momento particularmente transitório. Deixei metade de um dia para conhecer essa cidade que está tomando, ultimamente, conta de grande parte da minha rotina. Sendo responsável pela minha grande freqüência de arrumação de malas. Decidido isso, fui caminhar pelo centro de Campos. Várias igrejas para visitar, um santuário lindíssimo! Entrar e conversar com Deus foi confortante e decisivo para mim, naquele momento, o que conversei com Ele foi sobre coisas que estava passando mas fundamental e importante foi agradecer por ter tido a oportunidade de estar naquele lugar, naquele momento. Podendo apreciar cada espaço desse município tão grandioso. Inacreditável foi vivenciar isso! Meus sentimentos, mais uma vez, estavam confusos. Me encontrei em Campos dos Goytacazes. Conflitante para mim, dizer isso mas foi o que senti quando retornei de lá na primeira vez.
O ambiente, as pessoas que me proporcionaram bons momentos . Os lugares que visitei. Todos me mostraram e me perguntei, porquê não? Lá pode ser o meu lugar!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A noção da amizade na era do Facebook | BRASIL de FATO

A noção da amizade na era do Facebook | BRASIL de FATO


O processo de amizade se automatiza, passando a depender de uma breve janela de aceitação


22/11/2010

Enrique Fibla Gutiérrez
www.fronterad.com

Há uns dias estreou na Espanha A Rede Social, o filme de David Fincher sobre o nascimento do Facebook, plataforma web que define perfeitamente a sociedade da informação do século XXI. Mais além da indubitável qualidade do filme, a sequência reaviva o interesse não somente sobre o tema da vida privada, mas também o significado do conceito de amizade na era da internet.
Em uma das principais cenas do filme, o fundador do Facebook Mark Zuckerberg se dispõe a celebrar o número de um milhão de usuários da plataforma enquanto enfrenta uma demanda judicial interpolada por seu único amigo até agora. O advogado deste amigo o alfineta com ironia: “seu melhor amigo está pedindo 600 milhões de dólares”. Pouco depois, voltamos à sede do Facebook, onde o jovem começa a assistir a uma festa e comemorará o êxito de conseguir ficar totalmente sozinho no escritório. Como pode o fundador de uma das ferramentas sociais mais importantes dos nossos tempos ser uma pessoa evidentemente anti-social? Na minha opinião, diz muito sobre o que é considerada atualmente a amizade, um conceito que tem sido distorcido a ponto de depender exclusivamente de um clique do mouse.
A palavra amigo provém do latim amicus, que deriva, por sua vez, da palavra amore, amor. Trata-se, portanto, de uma relação entre duas pessoas cuja chave reside no mútuo entendimento e respeito. Mas, sobretudo, embasa-se na existência de uma intimidade com o outro que nos permite compartilhar o que nos alegra e nos atormenta de maneira totalmente próxima. Abrimo-nos à amizade porque necessitamos compartilhar o que passa pela nossa cabeça, estabelecendo um vínculo de confiança sem o qual estaríamos perdidos. Um amigo não é o mesmo que um conhecido, alguém a quem também respeitamos mas não confiamos o suficiente para nos abrirmos e de quem somente conhecemos superficialmente, mas nunca em profundidade.
A confusão vem com a aparição das redes sociais na Internet, um tipo de simulacro de nossas relações pessoais onde um cria um alter ego virtual a partir de pequenos retalhos de informação pessoal, fotografias e comentários sobre o que fazemos, deixamos de fazer e do que gostamos. A natureza expansiva da rede faz com que a única maneira de participar do jogo virtual seja aumentando constantemente nosso número de amigos. Solicitando a aceitação de pessoas das quais não conhecemos nada. Se faz possível o impensável, já que podemos chegar a entrar em contato com gente que simplesmente não teríamos conhecido de outra maneira. Essa ampliação até o infinito de nosso mapa social é certamente positivo, já que provoca encontros, choques e conexões que, de uma maneira ou outra, geram novos conhecimentos e ideias. Ao mesmo tempo, entretanto, impulsiona uma cultura de superficialidade que preocupa pelo desapego com a realidade provocado pela ferramenta.
As novas relações que estabelecemos graças à ausência de barreiras físicas na Internet se baseiam na máxima do “disparo”, em vez da seleção. Nesse ponto, gostaria de recordar uma citação do escritor Augusto Monterroso que diz: “Desde que começou a falar, o homem não encontrou nada mais gratificante que uma amizade capaz de escutá-lo com interesse, seja para a dor como para a felicidade”. O importante dessa frase é que ressalta a transcendência do interesse e, por extensão, da profundidade de um vínculo para considerá-lo como tal. Nossas amizades virtuais correspondem a esse pensamento? Duvido muito. Sobretudo porque tudo que podemos conhecer do outro e vice-versa não é nada mais do que uma construção, uma máscara por trás da qual não há um rosto, mas simplesmente nada. Não se exige o exercício da sinceridade que implica toda amizade verdadeira, um processo no qual não resta outra coisa se não mostrarmos como somos. Tampouco recai sobre nós responsabilidade alguma e assim, isentos de deveres, nos encanta nos sentirmos participantes fortes do simulacro social que propõe o Facebook.
O processo de amizade se automatiza, passando a depender de uma breve janela de aceitação como início da relação e com constantes opções de valorizar aquilo que se valoriza por meio de botões pré-configurados do estilo “gosto”, não gosto” etc. Essa racionalização/automatização da amizade é o procedimento que segue Mark Zuckerberg no filme. Mostra-se infinitamente mais fácil entender as relações pessoais como uma série de algoritmos de zeros e uns que dão forma a esta ou aquela opinião da web. Essa redução não implica uma necessidade de simpatizar com o outro, mas sim uma dissecação lógica que permita determinar gostos, medos e afinidades sem ter que perguntar, somente consultar  o que o computador já fez por nós. A tecnologia se converte em um meio que nega a interpessoalidade mas permite uma comunicação eficazmente imediata.
Agora, que tipo de comunicação se consegue estabelecer? Neste ponto, remeto ao excelente ensaio de Gilles Lipovetsky “A era do vazio”, onde define um ato de narcisismo como “a expressão gratuita, a primazia do ato de comunicação sobre a natureza do comunicado, a indiferença pelos conteúdos, a reabsorção lúdica do sentido, a comunicação sem objetivo nem público, o emissor convertido em principal receptor”. Desta maneira podemos definir a amizade segundo as redes sociais como um paradoxo ato de narcisismo, realizado a partir da  solidão de um computador e onde o que interessa não é conhecer o outro,, mas sim construir minuciosamente uma identidade em perpétua mutação, diante da qual conhecemos a comunidade virtual.
De certa maneira esta é a conclusão final de David Fincher em “A rede social”, a sensação de que depois de duas horas de filme somos incapazes de fazer uma ideia clara de quem é Mark Zuckerberg. Mas não por falta de habilidade do diretor, mas como uma exemplificação máxima da incapacidade de construir uma identidade clara de alguém que se escondeu toda a sua vida atrás da Internet. Façamos o teste agora de tentar imaginar quem são todas essas pessoas que temos como amigos em nossas contas. Provavelmente só reconheceremos uns poucos, que casualmente serão nossos amigos mais próximos. Não pretendo demonizar uma ferramenta tão útil como o Facebook, que eu mesmo uso assiduamente, mas sim alertar sobre essa redução do conceito de amizade, que nos leva a utilizar a dita palavra com rapidez para denominar relações cibernéticas que merecem outro termo. Quiçá seja simplesmente uma questão de terminologia, mas sem o simplesmente.

domingo, 14 de novembro de 2010

Sensações

Mais um dia 10 que passo com uma sensação esquisita. Digo mais um porque me peguei lendo algo que escrevi no dia 10 do mês de outubro. É uma tristeza que toma conta de mim e, sinceramente, não sei por que dessa sensação. Somente posso afirmar que sinto. A vontade de chorar torna-se incontrolável.
Essa tristeza aparece em poucos momentos mas quando aparece é nele que penso. Não sei por quê mas é ele que volta nas minhas lembranças. Parece que é como uma forma de mantermos a nossa comunicação. Loucura? Talvez! Não sei o que concluir a respeito desse relato. Ainda não compreendo. Ele nunca soube disso, nunca falei. Somente uma vez eu liguei para ele para saber se estava bem, na ocasião, ainda estávamos juntos.
O aperto no coração e a sensação de tristeza é sempre incontrolável. Acordei dessa forma. Triste e sem motivos aparentes para tal sentimento...uma tristeza e muita vontade de chorar. É uma forma totalmente subjetiva mas pessoas importantes sentem isso. Recebo sempre a ligação delas mesmo que não queira compartilhar com ninguém esse momento. Alguém as avisa e embora eu tente transparecer que estou bem, minha voz diz o contrário.
Tentei me distrair ao longo do dia, estava sem ânimo para estudar ou trabalhar. Apenas precisava desse momento de isolamento não seria uma boa companhia e meu sorriso não apareceria com tanta facilidade. Precisava me recolher e não explicar porque não estava sorrindo. Não teria paciência para explicar sobre nada. Decidi ir no shopping. Ver a multidão e poder ver ninguém ao mesmo tempo. Almoçar, andar vendo vitrines sem comprar nada e terminando assistindo um filme que já tinha visto apenas para que o dia passasse e com ele essa sensação de tristeza. Não queria falar com ninguém, nem ver ninguém conhecido. Precisava ao mesmo tempo que não permanecer sozinha era necessário, para mim, estar sozinha até que esse sentimento passasse. E passou, para o meu alívio, no final do dia.
Na hora que eu escrevia essas palavras, estava melhor...pensei em vários momentos do dia 10, em ligar para ele, apenas para perguntar se estava bem ou algo do gênero apenas para confortar o meu coração. Mas não o fiz, simplesmente, por acreditar que ele não entenderia essa sensação e interpretaria como uma reaproximação que estaria tentando fazer ou um motivo que estava criando apenas para falar com ele. Infelizmente, não liguei! Mas vê-lo no mundo virtual me tranqüilizou e entendi que estava bem, mesmo que seja apenas fisicamente...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Como se escreve?

Quando Joey tinha somente cinco anos, a professora do jardim de infância pediu aos alunos que fizessem um desenho de alguma coisa que eles amavam. Joey desenhou a sua família. Depois, traçou um grande círculo com lápis vermelho ao redor das figuras. Desejando escrever uma palavra acima do círculo, ele saiu de sua mesinha e foi até à mesa da professora e disse: Professora, como a gente escreve...? Ela não o deixou concluir a pergunta. Mandou-o voltar para o seu lugar e não se atrever mais a interromper a aula. Joey dobrou o papel e o guardou no bolso. Quando retornou para sua casa, naquele dia, ele se lembrou do desenho e o tirou do bolso. Alisou-o bem sobre a mesa da cozinha, foi até sua mochila, pegou um lápis e olhou para o grande círculo vermelho. Sua mãe estava preparando o jantar, indo e vindo do fogão para a pia, para a mesa. Ele queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para ela e disse.
-Mamãe, como a gente escreve...?
- Menino, não dá para ver que estou ocupada agora? Vá brincar lá fora. E não bata a porta, foi a resposta dela. Ele dobrou o desenho e o guardou no bolso. Naquela noite, ele tirou outra vez o desenho do bolso. Olhou para o grande círculo vermelho, foi até à cozinha e pegou o lápis. Ele queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para seu pai. Alisou bem as dobras e colocou o desenho no chão da sala, perto da poltrona reclinável do seu pai e disse .
- Papai, como a gente escreve...?
- Joey, estou lendo o jornal e não quero ser interrompido. Vá brincar lá fora. E não bata a porta. O garoto dobrou o desenho e o guardou no bolso. No dia seguinte, quando sua mãe separava a roupa para lavar, encontrou no bolso da calça do filho enrolados num papel, uma pedrinha, um pedaço de barbante e duas bolinhas de gude. Todos os tesouros que ele catara enquanto brincava fora de casa. Ela nem abriu o papel. Atirou tudo no lixo.
Os anos passaram...
Quando Joey tinha 28 anos, sua filha de cinco anos, Annie fez um desenho. Era o desenho de sua família. O pai riu quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e ela disse: Este aqui é você, papai! A garota também riu. O pai olhou pra o grande círculo vermelho feito por sua filha, ao redor das figuras e lentamente começou a passar o dedo sobre o círculo.
Annie desceu rapidamente do colo do pai e avisou: eu volto logo! E voltou. Com um lápis na mão. Acomodou-se outra vez nos joelhos do pai, posicionou a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou:
Papai, como a gente escreve amor? Ele abraçou a filha, tomou a sua mãozinha e a foi conduzindo, devagar, ajudando-a a formar as letras, enquanto dizia: amor, querida, amor se escreve com as letras T...E...M...P...O (TEMPO). Conjugue o verbo amar todo o tempo. Use o seu tempo para amar. Crie um tempo extra para amar, não esquecendo que para os filhos, em especial, o que importa é ter quem ouça e opine, quem participe e vibre, quem conheça e incentive. Não espere seu filho ter que descobrir sozinho como se soletra amor, família, afeição.
Por fim, lembre: se você não tiver tempo para amar, crie. Afinal, o ser humano é um poço de criatividade e o tempo...Bom, o tempo é uma questão de escolha.

Autor Desconhecido